Por Eduardo Madeira

Revisado em 16/05/2022

É perceptível que liderar, atualmente, é mais desafiador do que em décadas passadas.

E isso é multifatorial. Um dos aspectos, no Brasil, foi o pleno emprego de 2002 a 2012, possibilitado pelo crescimento da economia e que resultou nas conquistas sociais das classes C, D e E. Com muitas vagas no mercado, o trabalhador passou a ficar mais exigente.

A Revolução Digital (ou do Conhecimento) é fator decisivo: causada pela popularização da tecnologia, vem desmantelando as relações do trabalho que vivíamos, provindas da Revolução Industrial.  Agora, o estagiário não tem mais que passar por intermináveis hierarquias para chegar ao Presidente da empresa: basta enviar uma mensagem por Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn, etc.

Frases do tipo “manda quem pode, obedece quem tem juízo” vem perdendo sentido cada dia mais! O líder atual precisa que seus liderados o “comprem”. A palavra mais valorizada no mundo atual da liderança é influenciar.

A maioria dos liderados que constituem o mercado de trabalho é definida como “MILLENNIALS” ou geração Y. Segundo alguns autores, “millennials” nascidos após 1980 e, segundo outros, do início da década de 1980 até meados da década de 1990.

A geração Y foi superexposta a novo nível de informação, afastada dos trabalhos braçais e sobrecarregada de “prêmios” e facilidades materiais em troca de pouco ou nenhum esforço.

Cresceram num mundo digital e estão, desde sempre, familiarizados com dispositivos móveis e comunicação em tempo real, como tal são um tipo de consumidores exigentes, informados e com peso na tomada de decisões de compra. São a primeira geração verdadeiramente globalizada, cresceram com a tecnologia e usam-na desde a primeira infância. A internet é, para eles, uma necessidade essencial e, com base no seu acesso facilitado, desenvolveram uma grande capacidade em estabelecer e manter relações pessoais próximas, ainda que à distância.

São mais empreendedores, confundem trabalho com prazer, ansiosos por promoção, inseguros, questionadores, egocêntricos, tem dificuldade em “completar” tarefas e seu emprego precisa “fazer sentido” com seu propósito de vida. Veja mais sobre a geração Y.

Como liderar esta geração mais intempestiva?

Primeiro, a maioria dos líderes precisa– independente do tamanho da empresa – estar mais próximos ao RH e mapear bem se aquele profissional tem as características que a organização deseja. O ideal é fazer isso antes de contratá-lo. Mas vale também avaliar o seu time atual, pra saber o que cada liderado precisa e avaliar seu papel e continuidade na equipe.

Há de se ter uma preocupação com o clima no ambiente de trabalho. Ambientes hostis costumam afastar a maioria dos “millennials”.

Esta geração Y precisa de desafio, gosta de mudança constante e precisa de feedbacks frequentes.

Nessa equação, não pode faltar o ingrediente empatia ao líder!

Esta faixa etária também prefere horas flexíveis e personalização do trabalho, de acordo com a Microsoft Asia Workplace 2020. Para  Swapna Bhandarkar, head of Corporate Communications para a ICICI Securities, existem sete objetivos que uma empresa pode ter para melhorar a comunicação interna com esta nova geração.

Acessibilidade – Investir o orçamento de comunicação interna numa plataforma digital em sintonia com as aspirações dos “millennials”. Aderir às aplicações é uma boa forma de chegar a este grupo.

Comunicação visual e colaboração – Dar a oportunidade para se expressarem de forma criativa. Em vez de tópicos de Newsletter com “cafés com o CEO”, o Presidente pode fazer um vídeo com o celular. Este pode também envolver os trabalhadores ao convidá-los a fazer vídeos entre as equipes. Mantém-os interessados.

Storytelling – Encorajar a que contem as suas histórias com textos de blogs e fotografias, com mecanismos que os estimule a criar conteúdos regularmente.

Textos curtos e sucintos – Os colaboradores preferem informação dada em pequenas caixas de texto. As mensagens sucintas com links funcionam.

Demonstração de talento – Seja este música ou arte, deve-se encorajar os “millennials” a utilizarem estes talentos extra para se manterem entusiasmados com o trabalho.

Reconhecimento – O Presidente deve reconhecer e recompensar. Seja com prêmios ou vouchers, vai mantê-los motivados.

Atualização constante – Mesmo em tempos de crise, deve haver um esforço para manter a plataforma atualizada. Assim, mantém-se a comunicação a duas vias.

O mundo mudou a forma de liderar também.

Obrigado pela leitura.